MOEDAS NO BRASIL

(de acordo com o site do Banco do Brasil, no link: http://www.bb.com.br/appbb/portal/bb/ctr/rj/HistoriaMoeda.jsp)

(Compilado e reapresentado por Paulo Roberto de Almeida em junho de 2004)

Introdução:

D. Sebastião determinou em 1568 a circulação de moedas portuguesas na nova terra descoberta, promovendo a integração entre a América Portuguesa e o império de Portugal. Começava ali a história da moeda no Brasil. Em cada um dos itens do sumário abaixo você vai saber como surgiram as nossas moedas e quais foram os principais acontecimentos históricos da época. Embarque nesta viagem e conheça o Brasil através deste importante elemento da vida nacional: a moeda.

Sumário do conteúdo:

1. A Moeda no Brasil Colônia
     O Pau-brasil
     A Cana-de-açúcar
     As Minas Gerais
2. A Moeda da Colônia ao Império
     A Peça da Coroação
     O Café
     O Papel-moeda
3. A Moeda na República Velha
4. A Moeda na Era Vargas
5. A Moeda no Período Democrático
(1946-1964)
6. A Moeda no Regime Militar
7. A Moeda na Nova República e na Atualidade

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1. A Moeda no Brasil Colônia
     O Pau-brasil

Muito antes da chegada de Cabral às terras ameríndias, os europeus já conheciam o pau-brasil, de cujo cerne avermelhado, cor de brasa, extraíam um corante com que se tingiam panos. Era trazido das Índias pelos árabes, que auferiam grandes lucros nessa empresa, já que a cor vermelha dos tecidos, durante muitas décadas reservada aos eclesiásticos, entrara na preferência do vestuário burguês.
Os primeiros navegantes que aqui aportaram logo se aperceberam da abundância daquele produto natural, a maior riqueza imediatamente visível nas novas terras descobertas. O território, oficialmente denominado Vera Cruz, passou a ser conhecido como "a terra do brasil", denominação que mais tarde se tornou topônimo. A princípio, a extração da madeira se processava ao longo da costa, para facilitar o embarque. Logo se estabeleceram feitorias, que eram pequenos entrepostos encarregados da estocagem da madeira, recurso que abreviava a permanência das naus ancoradas, livres assim de esperar pelos demorados trabalhos de extração.
A Coroa portuguesa imediatamente tratou de colocar o produto sob a égide do monopólio e nomeou concessionários para sua exploração, já que essa nova riqueza, fora a perspectiva de outras, desencadeava a cobiça de franceses, ingleses e espanhóis, que passaram a freqüentar a costa brasileira em operações clandestinas. A necessidade de proteger o pau-brasil do contrabando por outras nações fez com que a Coroa portuguesa enviasse armadas de combate aos piratas e traficantes: e, para agilizar o processo de fixação dos portugueses à terra brasileira, promovesse a vinda, em 1530, de Martim Afonso de Sousa, que trouxe em sua frota cerca de 400 homens para esse fim. Mais tarde estabeleceu um sistema de capitanias hereditárias, que se incumbiriam igualmente da exploração e do reconhecimento das terras interiores.
O monopólio do pau-brasil durou até 1859, quando foram descobertos os corantes artificiais (anilinas), que tornavam inviável o comércio de madeiro.


     A Cana-de-açúcar

A Coroa portuguesa não dispunha de recursos suficientes para uma exploração mais aprofundada do território descoberto. O regime de capitanias, que obrigava seus donatários a promover o desbravamento das terras interiores, só excepcionalmente correspondeu a esse fim. Mas serviu para promover a fixação do colonizador à terra descoberta ao nela se desenvolver a prática da agricultura, mormente com o cultivo da cana-de-açúcar, cujo rendimento começava a ser mais importante do que o auferido com a exportação do pau-brasil. O beneficiamento da cana-de-açúcar colocou os portugueses em posição privilegiada no suprimento do produto, a ponto mesmo de quebrar o monopólio dos venezianos, que até então eram os grandes fornecedores, principalmente a Flandres, que o distribuía aos demais países europeus. Com a união das coroas de Portugal e Espanha, os flamengos, já possuidores de tecnologia e recursos para a ampla comercialização do produto, aproveitando-se da fragilidade portuguesa, invadem, em 1630, as capitanias do nordeste brasileiro, passando a dominar assim todo o ciclo da economia açucareira.


     As Minas Gerais

A crise açucareira levou a Coroa portuguesa a intensificar a busca de metais preciosos. Já era certa sua existência nestas terras, evidente nas pepitas que apareciam nos aluviões. Desde 1629 que os bandeirantes, empenhados na captura de índios, surtiam pelas terras interiores também à cata de riquezas, mas só em 1693 foram as jazidas auríferas propriamente descobertas, no território que veio a chamar-se das Minas Gerais. A exploração sistemática do metal deu início à fase mais próspera do Brasil colônia. Logo no ano seguinte, um ato real passou a garantir a posse das minas aos seus descobridores, ensejando com isso verdadeira corrida em busca de novos depósitos. Os garimpeiros ficavam obrigados, no entanto, a entregar à Coroa um quinto do metal extraído.

(4000 réis, D. Pedro II, de Portugal)

A princípio, o ouro em pó circulava livremente como moeda, mas, em 1720, o rei D. João V, achando-se defraudado no recolhimento do imposto, aboliu esse privilégio e decretou que o ouro só podia circular ou ser comerciado em barras. Para tanto, foram criadas casas de fundição, encarregadas da cunhagem das barras e do recolhimento do imposto. Os mineradores recebiam barras correspondentes a 80% do peso, acompanhadas de certificados ou guias, comprovando a posse do metal e o pagamento do imposto. Mais tarde, em 1771, com a descoberta dos diamantes, também a Casa da Administração Geral dos Diamantes, do Arraial do Tejuco, em Serro Frio, Minas Gerais, passou a exercer controle sobre o ouro da região, emitindo letras ou bilhetes resgatáveis, que tiveram curso como papel-moeda provincial. Em 1808, a Capitania de Minas Gerais criou bilhetes de 16, 12, 8, 4, 2 e 1 vinténs de ouro, destinados à troca compulsória pelo ouro em pó cuja circulação fosse flagrada. Houve duas impressões desses bilhetes no Rio de janeiro, e uma terceira que não chegou a circular. Todos esses títulos eram aceitos como moeda corrente nos pagamentos à Fazenda Real.

(D. João V, 1728)

 

2. A Moeda da Colônia ao Império

O agravamento da doença mental de D. Maria I, conhecida pela alcunha de A Rainha Louca, determina, em 1799, seu afastamento do trono português, que vem a ser ocupado pelo filho, o Príncipe Regente D. João. A cunhagem de moedas de cobre com esse título, no entanto, só teve início em 1802 em Lisboa e, a de ouro a partir de 1805, nas Casas da Moeda da Bahia e do Rio de Janeiro.
Em 1808, em conseqüência da invasão de Portugal pelas tropas napoleônicas, a Família Real portuguesa transfere-se para o Brasil, trazendo em seu séqüito cerca de 15.000 pessoas da nobreza lusitana, com seus haveres e pecúnia. Como não houve a unificação dos sistemas monetários, o afluxo do novo numerário concorreu ainda mais para a desordem do meio circulante da Colônia.

(Dona Maria I)

 

D. João, como Regente, para atender aos elevados gastos de instalação da Corte portuguesa, mandou que as moedas espanholas de 8 reales que aqui circulavam, adquiridas por 750 e 800 réis, recebessem um carimbo, aumentando-lhes o valor para 960 réis. No próprio ano de sua chegada, criou o Banco do Brasil, que mais tarde daria início à emissão de bilhetes, precursores do papel-moeda.
Em 1809, criou nova moeda de prata no valor de 960 réis, popularmente chamada de patacão por equivaler a três patacas de 320 réis. Outra medida monetária desse mesmo ano foi a aplicação de carimbo com o escudo português sobre as moedas de prata da série J coroado e nas de cobre de módulo grande, anteriores a 1799, para aumentar-lhes o valor.

(Principe D. João, patacão: 960 réis)

Em 1810 tiveram lugar as primeiras emissões do Banco do Brasil para atender como sempre às despesas do governo. Eram bilhetes preenchidos e assinados a mão, apresentados em talões e recortados de modo a facilitar a verificação de autenticidade pela coincidência da linha de corte.

(bilhete do primeiro Banco do Brasil, 1810)

Houve no período regencial de D. João várias cunhagens de moedas de cobre: em 1811, no valor de 80 réis para fazer face à escassez de numerário miúdo e, entre 1813 e 1815, pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro, nos valores de 80, 40 e 20 réis, para circularem em Moçambique, São Tomé e Príncipe, colônias portuguesas na África. As moedas conhecidas por macutas foram também aqui cunhadas nos valores de 2, 1, 1⁄2 e 1⁄4 de réis para correrem em Angola.
Com a derrocada de Napoleão em 1815, D. João, inspirado pelo Congresso de Viena, eleva o Brasil a Reino Unido a Portugal e Algarves, e em comemoração manda cunhar uma série especial de moedas, sendo as de ouro nos valores de 6.400 e 4.00 réis, as de prata no de 960 réis e as de cobre nos de 40 e 20 réis.
Com o falecimento de D. Maria I em 1816 e a coroação do Regente em 1818, com o título de D. João VI, tem início a cunhagem de moedas de ouro com a nova insígnia de "Rei de Portugal, Brasil e Algarves" e as armas do Reino Unido. O sistema monetário permaneceu porém inalterado, com a cunhagem de moedas nacionais e provinciais.

Em 1818, sempre para atender às despesas do governo, o Banco do Brasil passou a emitir sem lastro, inclusive, valores inferiores a 30.000 réis, o que contrariava suas disposições estatutárias.
Entre 1818 e 1822, as Casas da Moeda do Rio de Janeiro e da Bahia põem e circulação moedas de prata de um novo tipo, tendo no anverso a coroa real encimando o valor, a data e a letra monetária (R para Rio de Janeiro e B para Bahia), ladeados por dois ramos de carvalho, unidos abaixo por um laço.

Houve cunhagens de moedas de cobre feitas especialmente para as províncias. Em 1820, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro lavrou peças de 80 e 40 réis destinadas a Mato Grosso e Goiás. De 1818 a 1821, as casas do Rio e de Minas Gerais cunharam moedas de 75 e 37 1⁄2 réis para circulação exclusiva nessa futura província, em substituição aos antigos bilhetes de permuta do ouro em pó, que andavam muito falsificados à época. Na província de Cuiabá os pesos hispano-americanos em circulação receberam a contramarca de 960 réis. As moedas de cobre permaneceram até 1823.

(Moeda de cobre, 1818)

Com a queda do império napoleônico, D. João VI retorna a Portugal em 1821 para reassumir o trono, ameaçado pela Revolução Constitucionalista do Porto. Leva consigo as reservas metálicas do Banco do Brasil, agravando com isso a crise financeira que ameaçava sua estabilidade. Em 1828, ao expirar seu prazo estatutário de duração, chegou a emitir bilhetes de 1.000 e 2.000 réis para atender à falta de notas de pequeno valor. As duas primeiras emissões, feitas com chapas gravadas em Londres, consistiram de bilhetes impressos em preto sobre papel muito fino, apenas de um lado, destinando-se o outro à assinatura autenticadora. A terceira emissão foi feita com bilhetes estampados de ambos os lados, em preto ou em cores, com a mesma ilustração da segunda emissão, agora ladeada por figuras de crianças simbolizando o comércio. Na lei de 23 de setembro de 1829, que decretou a liquidação do banco, o governo assumia a responsabilidade pelas emissões anteriores, substituindo-as por cédulas de novo padrão, que deveriam ser recebidas até seu completo resgate.
Ao retornar D. João VI a Portugal, seu filho D. Pedro assume o governo do Reino na condição de Príncipe Regente. Sonhava D. João que, com sua morte, pudesse D. Pedro herdar o trono de Portugal e manter a união dos dois reinos, apesar de já se esboçarem, quando de sua volta a Portugal, movimentos tendentes à independência do Brasil. No entanto, as tentativas do governo constitucional de Lisboa de fazer o Reino reverter à condição de colônia aceleram o processo, levando o próprio Regente a proclamar a independência em 1822 e a ser aclamado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil, com o título de D. Pedro I.
O sistema monetário não foi alterado de imediato com a Independência. A cunhagem de moedas do novo Império continuara a ser feita pelas Casa da Moeda do Rio de Janeiro e da Bahia, nos valores de 6.400 e 4.000 réis para as de ouro, que traziam a efígie do imperador com a legenda PETRUS I D. G.CONST.IMP.ET.PERP.BRAS.DEF. (Pedro I, por graça de Deus Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil), com as armas do Império no reverso, enquanto as de prata mantiveram o mesmo sistema do período colonial, permanecendo em vigor os valores da série das patacas.
D. Pedro I encontrou os cofres públicos vazios. D. João VI, ao retornar a Portugal, levou consigo as reservas metálicas do Banco do Brasil. Além disso, para obter o reconhecimento da Independência, o novo Imperador teve de negociar o fim da escravidão, conceder privilégios comerciais a ingleses e franceses e assumir a dívida externa de Portugal junto aos bancos ingleses. Como as moedas de ouro eram freqüentemente enviadas ao exterior para pagamento dos déficits da balança comercial ou entesouradas pela população, a moeda de cobre passou a predominar no meio circulante e, à semelhança da moeda de prata, adotou os algarismos arábicos para expressar o valor. Entre 1823 e 1831, casas de fundição em Cuiabá, Goiás, Minas Gerais e São Paulo lavraram moedas de cobre com suas respectivas marcas, destinadas a circular restritamente nessas províncias.

A emissão descontrolada de moedas de cobre gerou o aparecimento de grande quantidade de peças falsificadas, fabricadas aqui e no exterior. Assim, sendo o porto de Salvador o grande centro de entrada e distribuição dessas moedas, o governo, em 1827, determinou o seu recolhimento na província da Bahia, fazendo a troca por cédulas, resgatáveis em 8 ou até 24 meses. Essas cédulas, hoje muito raras, foram as primeiras emissões do Tesouro Nacional.

(Cédula, Província da Bahia, 1828)

  A Peça da Coroação

Para comemorar sua ascensão ao trono imperial, cunhou-se a moeda de ouro de 6.400 réis, que ficou conhecida como Peça da Coroação – considerada hoje uma das mais raras e valiosas da numismática brasileira. Os 64 exemplares iniciais, assinados pelo gravador Zeferino Ferrez e fabricados pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro, não chegaram a circular, tendo sido a cunhagem suspensa por D. Pedro I, a quem desgostou o fato de nelas aparecer representado de busto nu, à feição dos imperadores romanos; o de figurar a coroa real diamantina (ornada com pedras preciosas ou pérolas justapostas, símbolo do poder real), em vez da imperial (designativa do título); bem assim de ter havido omissão da palavra CONSTITUCIONALIS e do complemento ET PERPETUUS BRASILIAE DEFENSOR, o que podia pressupor um desejo do poder absolutista.

(Peça da coroação de D. Pedro I, Imperador do Brasil, 1822)

As primeiras moedas a circular com as armas do Brasil independente foram as antigas moedas de cobre, recolhidas e carimbadas com as armas do novo Império. Conhecido como "carimbo da Independência" ou "primitivo carimbo do Império", foi aplicado provisoriamente até a escolha definitiva do cunho que seria adotado. Os valores 80 e 40 réis aparecem encimados pela coroa imperial e ladeados por dois ramos de café.

Com a morte de D. João VI em 1826, o Imperador do Brasil aceita a Coroa portuguesa, mas logo abdica em favor da filha, D. Maria da Glória, já destinada a casar-se com o infante D. Miguel, irmão de d. Pedro, que pretendia o trono português. Em 1831, tendo D. Miguel usurpado o poder e implantado um regime absolutista, D. Pedro I parte para Lisboa, a fim de reconduzir a filha ao trono.
Para tanto, abdica à Coroa brasileira em favor do filho, o Príncipe D. Pedro de Alcântara, que nessa altura contava apenas 5 anos. O governo é exercido por uma Regência que se estendeu até 1840, quando é antecipada a maioridade de D. Pedro II para 15 anos, idade com que de fato assume o poder. Durante todo o período regencial, o Império sofre grave perigo de desintegração territorial, com rebeliões que surgiram em vários pontos do país, mas no reinado que vai se estender por 48 anos o Brasil passa a desfrutar de paz interna, sob pulso forte do poder moderador exercido por D. Pedro II e a alternância dos partidos Liberal e Conservador no ministério. O café será a grande riqueza do país nesse período em que o país teve grande desenvolvimento cultural graças à formação humanística do monarca. O início do movimento abolicionista e a crise bancária de 1864, agravados com a guerra do Paraguai (1864-1870), contribuíram para enfraquecer o Império e fortalecer o sentimento nacionalista dos militares brasileiros, que passaram a exigir maior participação na vida política do país. As idéias republicanas ganham vulto a partir de 1870, até que em 1889 o marechal Deodoro da Fonseca, apesar de monarquista e amigo do Imperador, proclama a República, assumindo o poder em seguida.

A imagem de D. Pedro II, dada sua longa gestão, foi a mais representada na numismática brasileira, com gravações que o retratam desde a infância à idade adulta. Durante seu longo reinado, o Brasil teve três sistemas monetários. O primeiro (1831-1833), ainda na Regência, mantinha a forma adotada desde o período colonial: moeda nacional e moeda provincial, ou seja, uma destinada a todo o país e outra com circulação restrita a determinada região.

 

(Moedas com imagens de D. Pedro II, em várias fases)

As moedas de ouro continuaram a ser cunhadas nos valores de 6.400 e 4.000 réis e traziam a efígie de D. Pedro II menino, feita pelo gravador Carlos Custódio de Azevedo. O mesmo padrão dos períodos anteriores foi conservado nas moedas de prata. Além da cunhagem de moedas de cobre nas casas da moeda do Rio de Janeiro e nas casas de fundição de São Paulo, Goiás e Cuiabá, para uso local, impunha-se um controle sobre as peças desse meio circulante, dada a continuidade do processo de falsificação. As medidas de recolhimento iniciadas na Bahia durante o Primeiro Reinado se estenderam a todo o país em 1833, sendo as moedas trocadas nas Tesourarias Provinciais por cédulas emitidas pelo Tesouro Nacional. Também procedeu-se à contramarcagem dessas moedas, reduzindo-se seus valores e restringindo suas áreas de circulação regionais.
Mais tarde, em 1835, determinou-se a aplicação de um carimbo geral visando à unificação das moedas em circulação, tornando desnecessárias todas as contramarcas regionais. Esse carimbo reduzia as moedas de cobre nacionais à metade de seu valor, e as provinciais à quarta parte.
Além da carimbagem oficial, as revoltas que convulsionaram o país durante a Regência propiciaram a criação de carimbos locais, representativos desses levantes, como o de Icó (Ceará, 1829-1832), da Cabanagem (Pará, 1835-1840) e da República de Piratini, alusivo à revolução Farroupilha (Rio Grande do Sul, 1835-1845).


O segundo sistema (1833-1848) distingue-se dos demais por ter sido o primeiro genuinamente brasileiro e não a simples continuação do colonial. Aboliram-se os sistemas fraco (provincial) e forte (nacional), centralizou-se a cunhagem na Casa da Moeda do Rio de Janeiro e unificou-se o padrão ouro, criando-se a moeda de 10.000 réis, com a efígie de D. Pedro II menino. Declarando-se a maioridade do Imperador em 1840, tais moedas passaram a ostentar o busto de D. Pedro II adolescente, fardado de almirante.
No que respeita às moedas de prata, a reforma trouxe modificações radicais, com a antiga série das patacas substituída pela dos cruzados, nos valores de 1.200, 800, 400, 200 e 100 réis.

As cédulas utilizadas na troca do cobre, bem como os bilhetes do extinto Banco do Brasil, que estavam sofrendo falsificações volumosas, foram substituídas por notas do Tesouro Nacional fabricadas na Inglaterra por Perkins, Bacon & Petch, que dispunham de características de mais difícil contratação.

(Cédula do Império, 200 mil réis)

Com o crescente aumento da população e o rareamento do metal precioso, as emissões em papel vão se impondo para atender à expansão dos negócios que exigiam recursos distribuídos nas mais diversas regiões. Assim, os vários bancos particulares espalhados pelas províncias do Império passaram a gozar do direito de emitir, e essa pluraridade bancária provocou, entre 1836 e 1853, grande circulação de letras e vales bancários privados, nos locais de suas sedes, ao lado dos papéis das emissões oficiais.

(Banco Commercial Agricola, 10 mil réis)

(Cédula do Banco Commercial da Bahia, 100 mil réis)

O terceiro sistema monetário (1848-1889), além de prosseguir na cunhagem das moedas de ouro de 10.000 réis, introduziu a de 20.000, série que se tornou conhecida com o nome de papo de tucano, por ostentar o Imperador o manto com que foi coroado, adornado com penas dessa ave. Em 1851, nova efígie do Imperador aparece nas moedas de ouro, na qual é representado de barbas. Em 1854 foi cunhado em ouro o novo valor de 5.000 réis. Também nas moedas de prata houve alterações. Entre 1848 e 1852, foram cunhadas as de 2.000, 1.000 e 500 réis e, entre 1853 e 1867, o novo valor de 200 réis. No entanto, em 1870, esta última cunhagem foi suspensa e o antigo padrão voltou à circulação.
O uso das cédulas generaliza-se no Segundo Império e a produção de moedas de cobre fica restrita a pequenos valores destinados a troco. Dá-se ainda a substituição gradativa do cobre por ligas mais resistentes ao manuseio, como o bronze, em 1868, e o cuproníquel, em 1871, fabricadas em Bruxelas. A Casa da Moeda do Rio de Janeiro passou a fabricar moedas de bronze em 1870 e de cuproníquel em 1874.
A sempre existente falta de dinheiro miúdo durante o Segundo Império e o início da República incentivou particulares a emitir moedas e vales e a marcar moedas de cobre já fora de circulação com datas, iniciais, nomes e figuras que representavam fazendeiros, engenhos, negociantes ou firmas comerciais.


     O Café

Desde 1820, o café passou gradativamente a ser o principal produto brasileiro de exportação, superando o algodão, o açúcar e outros produtos agrícolas. Da província do Rio de Janeiro, os cafezais se espalharam, alcançando terras paulistas ao longo do vale do rio Paraíba. Em 1836, São Paulo já respondia por 25% de toda a produção cafeeira do Brasil e, em 1850, o café representava quase metade de todas as exportações brasileiras. De pouco mais de 3.000 sacas de 60 quilos entre 1831 e 1840, o Brasil passou a exportar 18.000 entre 1841 e 1850, e 27.000 entre 1851 e 1860. Nos dez anos que precederam o fim da monarquia as exportações superaram as 50.000 sacas.


     O Papel-moeda

A 5 de julho de 1853, D. Pedro II sancionou a lei que criava o Banco do Brasil, resultante da fusão dos dois maiores bancos particulares da época, o Comercial do Rio de Janeiro e o Banco do Brasil criado por Mauá. O novo estabelecimento oficial tinha o monopólio ou a exclusividade de emitir papel-moeda em todo o território nacional, mas tal privilégio foi revogado alguns anos depois, concedendo-se também a alguns bancos particulares, como o do Rio Grande do Sul e o Banco Rural e Hypothecario, o poder de emissão, sob garantia de títulos públicos. Em 1862, o banco recupera sua função de emissor único, pondo fim à política de pluralidade bancária. Finalmente, em 1866, o governo transfere ao Tesouro Nacional a capacidade de emitir, passando o Banco do Brasil a atuar como simples banco comercial.

(segundo Banco do Brasil, 1853)

 

 

3. A Moeda no Rep�blica Velha

� proclama��o da Rep�blica pelo Marechal Deodoro da Fonseca em 1889, seguiu-se um per�odo marcado por golpes, amea�as e rebeli�es armadas, quando os militares, que representavam os anseios da classe m�dia de que provinham, tiveram que ceder � for�a das grandes oligarquias que detinham o poder econ�mico representado pelo caf�. A consolida��o do poder civil verifica-se a partir de Campos Sales (1898-1902), quando o governo central passa a apoiar as oligarquias estaduais em troca do apoio destas � sua pol�tica, e a Presid�ncia da Rep�blica vem a ser exercida alternadamente por S�o Paulo e Minas Gerais, num esquema de fraudes eleitorais e votos de compromisso que se tornou conhecido como a pol�tica do caf� com leite ou dos coron�is.

A tentativa do �ltimo presidente paulista, Washington Lu�s (1926-1930), de fazer seu sucessor outro candidato paulista, concorreu para agravar o descontentamento dos demais Estados e desencadeou a chamada "Revolu��o de 1930", que levou o ga�cho Get�lio Dorneles Vargas ao poder.

10000 r�is, Banco da Rep�blica do Brasil,
2� estampa, 1894, detalhe

A economia, como nos tempos do Imp�rio, baseava-se na exporta��o de produtos prim�rios, como a borracha e, principalmente, o caf�, origem das grandes fortunas do pa�s e cujo plantio crescia em propor��es desenfreadas: de 220 milh�es de p�s em 1890 passou a 520 milh�es em 1900. Enquanto os pre�os do produto permaneciam est�veis, o pa�s contava com os ganhos da exporta��o para incrementar a ind�stria incipiente, mas com a oferta sempre crescente, as cota��es declinavam, tendo o governo de intervir na compra do produto, para isso lan�ando m�o de vultosos empr�stimos, que provocaram grande endividamento externo. Acresce que a desenfreada emiss�o por um n�mero crescente de bancos, determinada, no in�cio da Republica, pelo Ministro da Fazenda, Rui Barbosa, levou o meio circulante a uma infla��o desmedida, tendo a quantidade de dinheiro em circula��o quase triplicado no espa�o de 10 anos. Procurando solucionar o problema, o governo determinou que o Banco da Republica do Brasil � resultado da fus�o, em 1892, do Banco do Brasil com o Banco da Rep�blica dos Estados Unidos do Brasil � passasse ent�o a ser o �nico estabelecimento emissor do pa�s. Em 1896, o governo transfere esse poder emissor para o Tesouro Nacional. As emiss�es banc�rias s�o substitu�das por notas do Tesouro, numa tentativa de uniformizar o meio circulante.

(1 conto de r�is, Caixa de Convers�o, 1� estampa, 1911)

Apenas em 1898, Joaquim Murtinho, Ministro da Fazenda do Governo Campos Sales, conseguiu renegociar a d�vida com os credores internacionais (o chamado funding loan) e implantar uma pol�tica deflacion�ria, que deteve no entanto o crescimento econ�mico. No ano de 1900, o governo assumiu o controle direto do Banco da Rep�blica do Brasil que, em fins de 1905, passaria por nova fase jur�dica, recuperando o nome de Banco do Brasil. Um ano depois (1906) � criada a Caixa de convers�o visando � estabilidade cambial e ao controle da crise do mercado do caf�. Autorizada a emitir bilhetes convers�veis, garantidos por lastro em moedas de ouro nacionais e estrangeiras, como a libra e o d�lar, acabou encerrando sua atividade emissora em 1913, sendo extinta em 1920 e incorporada � Caixa de Amortiza��o.

O Banco do Brasil, mais uma vez autorizado a emitir papel-moeda, colocou em circula��o (1923-1926) notas pr�prias impressas nos Estados Unidos, com valores entre 1.000 r�is e um conto de r�is. O Banco fez sua �ltima emiss�o de papel-moeda para fazer face �s dificuldades provocadas pela instala��o do governo revolucion�rio (1930).

Em 1926, na tentativa de proceder a uma reforma monet�ria, visando � cria��o do Cruzeiro, o governo instituiu a Caixa de Estabiliza��o. Sua fun��o era trocar o ouro em barra ou amoedado por notas pr�prias de igual valor, possibilitando a conversibilidade de todo papel-moeda em circula��o. Como a reforma n�o se completou, a Caixa encerrou suas atividades em 1930.

O advento da Rep�blica n�o determinou modifica��es imediatas no sistema monet�rio, que manteve o padr�o mil-r�is, m�ltiplo do real. Mas, devido � infla��o, o real perdeu totalmente sua express�o de valor, substitu�do na pr�tica pelo mil-r�is. Era representado pela abreviatura Rs grafada antes do valor, e por um cifr�o ($) colocado entre a unidade de mil r�is e a centena de r�is. Para representar o conto de r�is, equivalente a um milh�o de r�is, escrevia-se Rs 1:000$000.

(10000 r�is, Tesouro Nacional, 9� estampa, 1903)

As moedas de ouro e prata sofreram mudan�as visuais previs�veis. A figura feminina, representando a Rep�blica e a Liberdade, substituiu a ef�gie real, continuando as moedas de ouro de 20.000 e 10.000 r�is a serem cunhadas at� 1922, quando o alto custo do metal passou a inviabilizar a cunhagem, utilizando-se o papel-moeda para expressar valores maiores.

No per�odo de 1891 e 1897, foram cunhadas moedas de prata no valor de 2.000 r�is, ostentando numa das faces a ef�gie da Liberdade coroada de louros, e na outra, entre louros e ramos de carvalho, a constela��o do Cruzeiro do Sul cercada por 20 estrelas, tendo ao alto uma irradiante que representava o Distrito Federal.

Em 1900, por ocasi�o do quarto centen�rio do Descobrimento do Brasil, foi lan�ada a primeira s�rie de moedas de prata comemorativa do per�odo republicano.

(4000 r�is, 4� Canten�rio
do Descobrimento do Brasil, prata, 1900)

Entre 1906 e 1912, foram colocadas em circula��o moedas de prata nos valores de 2.000, 1.000 e 500 r�is, trazendo numa das faces o peso expresso em gramas. A Casa da Moeda do Rio de Janeiro cunhou, em 1912 e 1913, outra s�rie nesses mesmos valores, com a ef�gie da Rep�blica rodeada por um c�rculo de 21 estrelas, ligadas por la�os, representando a uni�o dos Estados. Houve ainda uma terceira s�rie, cunhada em 1913 na Alemanha, sem tra�os entre as estrelas e trazendo a letra monet�ria � Em 1922, por ocasi�o do primeiro centen�rio da Independ�ncia, o Imperador Pedro I e o Presidente Epit�cio Pessoa foram retratados nas moedas de 2.000 r�is. Entre 1924 e 1934, cunharam-se novas moedas de 2.000 r�is, com a ef�gie da Liberdade cercada de 21 estrelas, representando os Estados do Brasil.

Retomou-se em 1889 a cunhagem de moedas de bronze nos valores de 40 e 20 r�is, respectivamente com as inscri��es A ECONOMIA FAZ A PROSPERIDADE e VINTEM POUPADO, VINTEM GANHO, para estimular a id�ia de poupan�a. Em 1912, encerra-se, em definitivo, a cunhagem de moedas desse metal.

(20 r�is, bronze, 1900)

De 1889 a 1900, foram cunhadas moedas de cupron�quel nos valores de 200 e 100 r�is. E, j� em 1901, uma nova s�rie de moedas da mesma liga, agora com a inclus�o do valor de 400 r�is, foi encomendada � firma alem� Basse & Selve, na quantidade astron�mica de 161 milh�es de pe�as, a maior produ��o da �poca, o que levou � contrata��o de mais casas de moeda estrangeiras. Entre 1918 e 1935, outra fam�lia dessas moedas division�rias � lan�ada, nos valores de 400, 200, 100, 50 e 20 r�is.

As c�dulas eram em geral produzidas no estrangeiro, como por exemplo as de 100.000 r�is, na It�lia (1915); as de 20.000 r�is, na Inglaterra (1900) e as de 10.000 na Fran�a (1903). A c�dula de 5.000 r�is da 14� estampa teve duas impress�es, ambas feitas nos Estados Unidos: a de 1912, com figura feminina, recolhida e incinerada devido a irregularidades na impress�o, e a de 1913, com ef�gie do Bar�o do Rio Branco.

Entre 1920 e 1924, a Casa da Moeda do Rio de Janeiro produziu interessante s�rie de c�dulas para o Tesouro Nacional pelo processo xilogr�fico (t�cnica de grava��o manual em placa de madeira).

De 1924 a 1931, surgiram novas moedas de 1.000 e 500 r�is de bronze-alum�nio, com a figura feminina que simboliza a Abund�ncia trazendo � frente a constela��o do Cruzeiro do Sul. Tamb�m foram feitas moedas dessa liga em 1922, nos valores de 1.000 e de 500 r�is, comemorativas do primeiro centen�rio da Independ�ncia, em alguns exemplares das quais o nome do pa�s aparece grafado BBasil.

 

4. A Moeda na Era Vargas

O movimento revolucion�rio que levou Get�lio Vargas ao poder � decorrente do desentendimento das elites olig�rquicas que comandavam a pol�tica do "caf� com leite", somado ao descontentamento dos jovens oficiais que representavam os anseios da classe m�dia � provocar� um clima de instabilidade pol�tica, prop�cio � condu��o do pa�s a um estado de for�a.

O novo governante, que assumira o poder provisoriamente at� que se procedesse � elei��o de novo Presidente, acabou por dissolver o Congresso, prometendo nova

Constitui��o. Os governantes estaduais foram substitu�dos por interventores designados pela Presid�ncia, em geral participantes dos movimentos militares, com poderes discricion�rios que desagradavam os interesses locais. As elei��es foram sendo proteladas e a falta de coes�o entre os vitoriosos culminou na Revolu��o Constitucionalista de S�o Paulo, de 1932.

O Estado passou a interferir fortemente na economia, controlando o c�mbio, selecionando importa��es (o que favoreceu as ind�strias instaladas no pa�s) e sobretudo intervindo no com�rcio do caf� pela queima de estoques, destrui��o de planta��es e incentivo a novos plantios. Entre 1930 e 1933, o Tesouro P�blico adquiriu mais de 49 milh�es de sacas de caf�, das quais foram queimadas mais de 23 milh�es.

Os ideais constitucionalistas v�o se concretizar em 1934, quando Get�lio finalmente promulga a nova Carta, mas o Congresso escolhe novamente para ocupar a Presid�ncia no quatri�nio 1934-1938. Antes de terminar seu mandato, no entanto, em 1937, o Presidente fecha outra vez o Congresso e implanta no pa�s um regime autorit�rio, batizado de Estado Novo, dentro dos figurinos ditatoriais que surgiam na Europa. Governando por meio de decretos-leis que abarcavam as atribui��es dos tr�s poderes, o Estado Novo, que se prolongou at� 1945, articulou uma legisla��o trabalhista de grande alcance social e criou grandes empresas estatais geradoras de bens necess�rios � produ��o industrial.

Ap�s a participa��o do Brasil na campanha da It�lia, j� ao fim da II Guerra Mundial, o Presidente foi deposto pelas For�as Armadas, descrentes de que ele viesse a redemocratizar o pa�s.

As primeiras moedas do per�odo Vargas foram as vicentinas, cunhadas em prata, cupron�quel e bronze-alum�nio, assim chamadas por terem sido criadas em 1932, em comemora��o dos 400 anos da funda��o da Vila de S�o Vicente, a atual cidade de S�o Paulo. Entre 1935 e 1939, foi cunhada a s�rie que se tornou conhecida como a dos brasileiros ilustres (com ef�gies de Regente Feij�, Padre Anchieta, Duque de Caxias, Tamandar�, Mau�, Carlos Gomes e Oswaldo Cruz, entre outros).

(300 r�is, Brasileiros Ilustres, cupron�quel, 1936)

Nesse per�odo, foram criados os novos valores de 5.000 e de 300 r�is. A �ltima emiss�o met�lica do padr�o mil-r�is ocorreu entre 1938 e 1942, para comemorar a Constitui��o de 1937, numa s�rie de moedas de cupron�quel, com pesos e di�metros reduzidos, tendo gravada a ef�gie do Presidente Get�lio Vargas.

O novo padr�o monet�rio, o cruzeiro, planejado desde a cria��o da Caixa de Estabiliza��o em 1926, s� entrou definitivamente em circula��o em 1942, com valor correspondente a 1.000 r�is e subdivis�o em centavos e simbolizado por Cr$. As moedas em bronze-alum�nio traziam em uma das faces o mapa do Brasil e na outra o valor ladeado com ramos de caf� sobrepostos a uma barra longitudinal sob a qual aparecia o nome da moeda.

No que tange ao papel-moeda, a �ltima emiss�o do Tesouro Nacional com o padr�o mil-r�is ocorreu em 1936, nos valores de 200.000, 100.000 e 50.000. Aproveitaram-se, de in�cio, as c�dulas do Tesouro Nacional do antigo padr�o, que receberam um carimbo com o respectivo valor em cruzeiros. Para atender �s necessidade de troca, as antigas c�dulas de 1.000 r�is do Banco do Brasil foram utilizadas com o valor de 1 cruzeiro, sem aposi��o do carimbo. As emiss�es do Tesouro Nacional tiveram in�cio em 1943 com c�dulas fabricadas pela American Bank Note Company. C�dulas de 5.000 r�is, com o retrato do Bar�o do Rio Branco, passaram a substituir as moedas desse mesmo valor devido � escassez de mat�ria-prima para a cunhagem de moedas durante o tempo da guerra (1943-1945). Em 1944, chegou-se a emitir at� mesmo notas de 2 e 1 cruzeiro por falta de troco.

(5 cruzeiros, bronze-alum�nio, 1942)

 

5. A Moeda no Per�odo Democr�tico (1946-1964)

Com o fim da II Guerra Mundial e a deposi��o de Vargas, o pa�s entra em um per�odo de estabilidade democr�tica que se prolongar� por quase 20 anos. O governo de Marechal Dutra (1946-1951), candidato apoiado por Get�lio, vai promover a realiza��o de obras importantes para os fundamentos de nossa infra-estrutura, gra�as aos saldos de divisas acumulados durante a guerra. No entanto, os grandes disp�ndios decorrentes desses empreendimentos, somados a uma pol�tica de importa��o indiscriminada de bens sup�rfluos, levar�o o pa�s a enfrentar novas dificuldades cambiais. Como medida saneadora, institui-se, em 1948, o sistema de licenciamento pr�vio das importa��es, favorecendo, dessa forma, os produtores internos.

Em 1950, Get�lio Vargas volta novamente ao poder, eleito Presidente da Rep�blica, e imprime uma diretriz econ�mica nacionalista ao governo, preocupado com a industrializa��o e o controle dos recursos naturais, como petr�leo, mangan�s, ferro e carv�o; mas o recrudescimento da crise pol�tica leva o Presidente a suicidar-se em 1945, n�o se verificando entretanto a interrup��o da trajet�ria do crescimento econ�mico.

(2 cruzeiros, Tesouro Nacional, 2� estampa, 1955)

Com a ascens�o de Juscelino Kubitschek, uma pol�tica econ�mica mais flex�vel ser� executada, permitindo maior participa��o do capital estrangeiro, aliada � a��o do Estado e da empresa privada nacional. Essa pol�tica desenvolvimentista gerou o maior crescimento econ�mico at� ent�o conhecido no pa�s. O Plano de Metas de Kubitschek priorizava investimentos maci�os em energia e transporte, al�m da canaliza��o de recursos para ind�strias estrat�gicas, mas a interioriza��o da capital do pa�s com a cria��o de Bras�lia elevou substancialmente os gastos governamentais, provocando o crescimento acelerado da infla��o.

Os governos subseq�entes, ambos de curta dura��o, restringiram-se ao enfrentamento dos problemas decorrentes da infla��o e da d�vida externa, bem como da redu��o dos investimentos estrangeiros. A ado��o de uma atitude nacionalista radical, intentada pelo Presidente Jo�o Goulart, provocou envolvimentos pol�ticos que culminaram com sua deposi��o do poder em 1964 por um golpe de Estado.

O padr�o monet�rio - o cruzeiro, criado em 1942 - permanece inalterado nesse per�odo. A partir de 1948, inicia-se a emiss�o da 2� estampa das c�dulas do Tesouro Nacional, agora impressas na Inglaterra pela Thomas de la Rue & Co. Ltd., em cores diversas das anteriormente estampadas pela American Bank Note Company. Deixaram de ser impressas as notas de 1 cruzeiro.

A partir de 1945, o Banco do Brasil passa a dividir com a rec�m-criada Superintend�ncia da Moeda e do Cr�dito (SUMOC) as fun��es de autoridade monet�ria nacional; suas atividades conjugadas equivaliam �s de um banco central.

Quanto �s moedas, em 1956, as division�rias de bronze-alum�nio de 2 e 1 cruzeiros e 50 centavos sofreram redu��es de m�dulo (di�metro) e passaram a estampar as armas da Rep�blica. A eleva��o extraordin�ria do pre�o dos metais � �poca leva em seguida o governo a empregar apenas o alum�nio na fabrica��o dessas moedas e bem assim nas de 20 e 10 centavos. Em 1962, a cunhagem de centavos foi suspensa e, em 1964, finalmente extinta.

Em 1961, a Casa da Moeda do Brasil, num projeto inteiramente desenvolvido e executado no pa�s, na tentativa de nacionalizar a produ��o de nosso papel-moeda, lan�a a nota de 5 cruzeiros, que ficou popularmente conhecida como a c�dula do �ndio, por trazer em um dos lados o perfil de um abor�gine e, no outro, uma reprodu��o da vit�ria-r�gia. Em 1962, o crescimento da infla��o determinou o lan�amento da c�dula de 5.000 cruzeiros.

 

6. A Moeda no Regime Militar

Os governos militares, que se sucederam no poder por 21 anos ap�s a derrubada do Presidente Jo�o Goulart, realizaram reformas constitucionais visando recuperar o dinamismo econ�mico do pa�s. Tais reformas contribu�ram para a forte desacelera��o do ritmo inflacion�rio, mas extrapolaram para um quadro recessivo, que acarretou elevado custo social. Em 1965 foi criado o Banco Central do Brasil, em substitui��o � antiga Superintend�ncia da Moeda e do Cr�dito � SUMOC, absorvendo igualmente fun��es normativas e executivas antes a cargo do Banco do Brasil. No per�odo 1968-1973, o pa�s viver� o chamado milagre econ�mico, registrando altas taxas de crescimento, em fun��o da ampla disponibilidade de recursos financeiros provenientes dos pa�ses desenvolvidos, mas essa estabilidade econ�mica � interrompida pela crise mundial do petr�leo. No governo Geisel foi lan�ado o Plano Nacional de Desenvolvimento, para reajustar a economia em face da escassez mundial de petr�leo, acelerando-se o processo de substitui��o das importa��es, com �nfase nos bens de capital e na eletr�nica pesada. No in�cio da d�cada de 1980, verifica-se a desacelera��o do processo de crescimento econ�mico e a expans�o de tend�ncias inflacion�rias, num quadro de distens�o pol�tica que iria culminar na campanha das Diretas J�, que exigia o retorno ao estado democr�tico.

(1 cruzeiro novo, Tesouro Nacional, 1967)

O per�odo conheceu grandes altera��es dos padr�es monet�rios, com mudan�as nos nomes e valores das moedas. Em 1965, o governo de Castelo Branco decreta nova reforma monet�ria, criando o cruzeiro novo, simbolizado por NCr$ e equivalente a 1.000 cruzeiros antigos, que passou a vigorar a partir de 1967. Foi aposto um carimbo nas c�dulas de 10.000, 5.000, 1.000, 500, 100, 50 e 10 cruzeiros, que passaram a valer, respectivamente, 10, 5, 1 cruzeiros novos, e 50, 10, 5 e 1 centavos. Por�m, antes da entrada em circula��o das c�dulas do cruzeiro novo, uma resolu��o do Conselho Monet�rio Nacional, em 1970, determina o retorno � designa��o cruzeiro, mantendo-se a equival�ncia de valores com o extinto cruzeiro novo e voltando � representa��o Cr$. Por essa �poca, a Casa da Moeda foi reequipada, passando a dispor de condi��es t�cnicas para fabricar todo o nosso meio circulante.

Organizou-se um concurso para o desenho das novas c�dulas, tendo sa�do vencedor o designer Alo�sio Magalh�es. O projeto constituiu verdadeira renova��o na �rea, apresentando c�dulas com cores e tamanhos diferenciados, aumentando conforme o valor nominal.

(500 cruzeiros, Banco Central do Brasil, estampa A, 1972)

Em 1972, comemorando o sesquicenten�rio da Independ�ncia, foram colocadas em circula��o as c�dulas de 500 cruzeiros e, em 1978, as de 1.000 cruzeiros, que ficaram conhecidas como bar�o, por trazerem a ef�gie do Bar�o do Rio Branco. Essa nota antecipava o aparecimento de nova fam�lia de c�dulas, igualmente idealizadas por Alo�sio Magalh�es, cujos demais valores � 5.000, 500, 200 e 100 � entraram em circula��o em 1981. Apresentavam a caracter�stica de permitir a leitura das ef�gies, valores e legendas em qualquer sentido. At� 1985, ainda foram lan�adas c�dulas de 100.000, 50.000 e 10.000 cruzeiros (a primeira com a imagem de Juscelino Kubitschek, refletindo a abertura pol�tica da �poca), idealizadas em conjunto pela Casa da Moeda e pelo Banco Central do Brasil.

(1000 cruzeiros, Banco Central do Brasil, estampa A, 1978)

No que diz respeito �s moedas, foram lan�adas, a partir de 1967, pe�as de 50 centavos de n�quel, cupron�quel ou a�o inoxid�vel; 20 e 10 centavos em cupron�quel; e 5, 2 e 1 centavos em a�o inoxid�vel, cunhadas pela Casa da Moeda do Rio de Janeiro. em 1972, ainda em comemora��o ao sesquicenten�rio da Independ�ncia, foram cunhadas moedas de 1 cruzeiro em n�quel, 20 cruzeiros em prata e 300 cruzeiros em ouro, todas com as ef�gies do imperador D. Pedro I e do Presidente M�dici. Entre 1975 e 1978, as moedas de 5, 2 e 1 centavos, ent�o de a�o inoxid�vel, tiveram suas caracter�sticas alteradas para relacion�-las com a campanha Alimentos Para Todos, da Organiza��o das Na��es Unidas para a Alimenta��o e a Agricultura � FAO. Em 1975, em comemora��o do 10� anivers�rio do Banco Central, acontece o lan�amento da moeda de 10 cruzeiros, em prata. Em 1979, foram cunhadas moedas de a�o inoxid�vel, de m�dulo e peso menores, nos valores de 10, 5 e 1 cruzeiros e de 1 centavo. Em 1981, completando essa s�rie, emitiram-se as de 50 e 20 cruzeiros. As moedas de 500, 200 e 100 cruzeiros, cunhadas em 1985 e 1986, circularam por pouco tempo, perdendo seu valor nesse �ltimo ano.

A partir de 1945, o Banco do Brasil passa a dividir com a rec�m-criada Superintend�ncia da Moeda e do Cr�dito � SUMOC as fun��es de autoridade monet�ria nacional; suas atividades conjugadas equivaliam �s de um banco central.

Quanto �s moedas, em 1956, as division�rias de bronze-alum�nio de 2 e 1 cruzeiros e 50 centavos sofreram redu��es de m�dulo (di�metro) e passaram a estampar as armas da Rep�blica. A eleva��o extraordin�ria do pre�o dos metais � �poca leva em seguida o governo a empregar apenas o alum�nio na fabrica��o dessas moedas e bem assim nas de 20 e 10 centavos. Em 1962, a cunhagem de centavos foi suspensa e, em 1964, finalmente extinta.

Em 1961, a Casa da Moeda do Brasil, num projeto inteiramente desenvolvido e executado no pa�s, na tentativa de nacionalizar a produ��o de nosso papel-moeda, lan�a a nota de 5 cruzeiros, que ficou popularmente conhecida como a c�dula do �ndio, por trazer em um dos lados o perfil de um abor�gine e, no outro, uma reprodu��o da vit�ria-r�gia. Em 1962, o crescimento da infla��o determinou o lan�amento da c�dula de 5.000 cruzeiros.

 

7. A Moeda na Nova República e na Atualidade

A �ltima elei��o indireta de um candidato civil, em 1985, marca o fim do Regime Militar, mas a transi��o para a democracia s� se consolida em 1988, no governo Sarney, quando � promulgada a nova Constitui��o por uma Assembl�ia Constituinte. A volta aos padr�es democr�ticos n�o � suficiente para superar os graves problemas sociais e econ�micos advindos da infla��o e do endividamento externo. Para enfrentar seus desafios, os governos dos Presidentes Jos� Sarney e Fernando Collor ir�o praticar sete planos consecutivos de combate � infla��o: Cruzado (in�cio de 1986), Cruzadinho (meados de 1986), Cruzado II (final de 1986), Bresser (junho de 1987), Ver�o (janeiro de 1989), Collor (mar�o de 1990) e Collor 2 (janeiro de 1991). O fracasso ou m� condu��o desses planos levou o pa�s a uma hiperinfla��o, com a moeda desvalorizada em tr�s decimais duas vezes no per�odo de tr�s anos. Somente em 1994, com a elabora��o do Plano Real, durante o governo Itamar Franco, e sua manuten��o e desenvolvimento no governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, o pa�s veio a conhecer uma relativa estabilidade monet�ria, ora e outra amea�ada pelas sucessivas crises dos mercados internacionais.

O Cruzado

Como medida de combate � infla��o, o governo Sarney adota em 1986 novo padr�o monet�rio, o cruzado, equivalente a mil vezes a moeda anterior, o cruzeiro, e representado por Cz$. A exemplo dos procedimentos anteriores, as c�dulas do antigo padr�o recebem um carimbo com indica��o do valor correspondente em cruzados. A ef�gie do Presidente Juscelino Kubitschek, que figurava nas c�dulas de 100.000 cruzeiros, volta a aparecer na nova nota de 100 cruzados. Posteriormente, novas c�dulas s�o postas em circula��o, contendo a legenda DEUS SEJA LOUVADO. Figuras da vida cultural brasileira s�o agora introduzidas em vez dos tradicionais vultos da hist�ria pol�tica: em 1987 e 1988, al�m da nota de 500 cruzados com a ef�gie do compositor Villa-Lobos, circulam as de 1.000 com o retrato do escritor Machado de Assis, de 5.000 com o do pintor C�ndido Portinari e de 10.000 com o do cientista Carlos Chagas.

(
100 cruzados, Centen�rio da Lei �urea, a�o inoxid�vel, 1988)

No lugar das antigas moedas de cruzeiro, foram cunhadas, entre 1986 e 1988, as moedas de a�o inoxid�vel de 50, 20, 10, 5 e 1 centavos; as de 5 e 1 cruzados, que substitu�ram as c�dulas de 5.000 e 1.000 cruzeiros; e, de 1987 a 1988, as de 10 cruzados tamb�m em a�o. As moedas de 100 cruzados surgiram em 1988 para comemorar o centen�rio da assinatura da Lei �urea e traziam a ef�gie de crian�a, homem ou mulher negros, junto com a sauda��o africana Ax�. O conjunto de estrelas ao lado do valor simbolizava o n�mero cem, para facilitar a leitura pelos deficientes visuais.

O Cruzado Novo

(200 cruzados novos, Centen�rio Rep�blica, prata, 1989)

No ano de 1989, verifica-se nova desvaloriza��o de tr�s decimais no padr�o monet�rio, que passou a denominar-se cruzado novo, representado por NCz$, procedendo-se � carimbagem das c�dulas de 10.000, 5.000 e 1.000 cruzados, que passaram a valer 10, 5 e 1 cruzados novos. Entram em circula��o as c�dulas de 100 e 50 cruzados novos, homenageando os poetas Cec�lia Meireles e Carlos Drummond de Andrade e, para comemorar a passagem do centen�rio da Proclama��o da Rep�blica, a de 200 cruzados novos. No ano seguinte, faz-se a �ltima emiss�o em papel-moeda desse padr�o, a c�dula de 500 cruzados novos, que homenageia o naturalista Augusto Ruschi.

(100 cruzados novos, Banco Central do Brasil, estampa A, 1989)

Quanto �s moedas, ainda em comemora��o ao centen�rio da Proclama��o da Rep�blica, foram cunhadas em 1989 as de prata, no valor de 200 cruzados novos, e as de a�o inoxid�vel, no valor de 1 cruzado novo, com a ef�gie da Rep�blica. Entre 1989 e 1990, foram cunhadas moedas de a�o inoxid�vel de 50, 10, 5 e 1 centavos de cruzado novo, tendo no reverso estrelas que simbolizavam os algarismos do valor em braile. Traziam, respectivamente, a figura da rendeira, garimpeiro, jangadeiro e boiadeiro.

O Cruzeiro

(1000 cruzeiros, Banco Central do Brasil, estampa A, 1990)

Em 1990, nova reforma monet�ria modificou a unidade do sistema, que volta a denominar-se cruzeiro, sem que houvesse entretanto altera��o dos valores. As c�dulas de 500, 200, 100 e 50 cruzados novos receberam carimbos apenas para corrigir a designa��o da moeda. Houve, em seguida, a emiss�o das c�dulas definitivas naqueles valores, salvo das notas de 50 cruzeiros, que foram substitu�das por moedas. A infla��o desenfreada exigiu a emiss�o de c�dulas de valores mais elevados: a primeira, de 1.000 cruzeiros, homenageava o sertanista C�ndido Rondon; em seguida, circularam duas c�dulas de 5.000 cruzeiros, a primeira, provis�ria, com a ef�gie da Rep�blica, e a segunda, definitiva, dedicada ao maestro e compositor Carlos Gomes. Em 1991, circulam as notas de 10.000 cruzeiros, com a figura do m�dico Vital Brazil, e a de 50.000 cruzeiros, com a do folclorista Lu�s da C�mara Cascudo, esta �ltima introduzindo, em car�ter experimental, tr�s barras verticais e paralelas acima dos algarismos indicativos do valor, para auxiliar sua identifica��o por pessoas com defici�ncia visual. Em 1992, aparece a nota de 100.000 cruzeiros, trazendo no anverso o desenho de um beija-flor e, no reverso, as cataratas do Igua�u. Em 1993, no auge da infla��o, surge a c�dula de maior valor de face j� impressa no Brasil: a de 500.000 cruzeiros, dedicada ao escritor M�rio de Andrade, retomando assim as homenagens a expoentes da cultura brasileira.

Quanto � moedagem, foram cunhadas em 1990, nos valores de 50, 10, 5 e 1 cruzeiros, pe�as de a�o inoxid�vel, tendo no reverso a representa��o de tipos humanos brasileiros, como a baiana, o seringueiro e o salineiro. A partir de 1991, deixa de ser fabricada a moeda de 1 cruzeiro e, no ano seguinte, s�o lan�adas as de 1.000, 500 e 100 cruzeiros, sempre de a�o inoxid�vel, retratando a fauna brasileira.

(500 cruzeiros, V Centen�rio do
Descobrimento da Am�rica, prata, 1992)

Em 1992 surge a moeda de 5.000 cruzeiros, em a�o inoxid�vel, dedicada aos 200 anos da morte de Joaquim Jos� da Silva Xavier, o Tiradentes. Neste ano tamb�m s�o lan�adas as moedas comemorativas do V Centen�rio do Descobrimento da Am�rica e da II Confer�ncia das Na��es Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

O Cruzeiro Real

(5, 10, 50 e 100 cruzeiros reais, a�o inoxid�vel, 1993)

Em 1993, j� no governo Itamar Franco, a moeda � novamente desvalorizada em tr�s decimais: o cruzeiro passa a chamar-se cruzeiro real, representado por CR$, com as duas letras grafadas em mai�sculas para diferenci�-lo do Cr$ da unidade anterior. As c�dulas de 500.000, 100.000 e 50.000 cruzeiros recebem um carimbo, passando a representar 500, 100 e 50 cruzeiros reais. Nesse mesmo ano surgiram as c�dulas definitivas do novo padr�o, nos valores de 5.000 e 1.000 cruzeiros reais (originalmente desenhadas para representar 5 milh�es e 1 milh�o de cruzeiros, que n�o chegaram a entrar em circula��o), a primeira trazendo a figura do ga�cho (acompanhando a s�rie dos tipos regionais) e a segunda, a ef�gie do educador An�sio Teixeira. Os crescentes �ndices de infla��o, que atingiram mais de 40% em abril de 1994, levaram ao lan�amento da c�dula de 50.000 cruzeiros reais, mostrando outro tipo regional, a baiana.
(50000 cruzeiros reais, Banco Central do Brasil, estampa A, 1994, reverso)

As poucas moedas do padr�o cruzeiro real, sempre cunhadas em a�o inoxid�vel, acompanhavam a tem�tica da fauna brasileira: as de 10 cruzeiros reais traziam a figura do tamandu� e a de 5 a da arara. Completando a s�rie, surgiram em fins de 1993 as de 100 e 50 cruzeiros reais com os desenhos do lobo-guar� e da on�a-pintada, em substitui��o aos mesmos valores expressos em papel-moeda.

O Real

(25 centavos, a�o inoxid�vel, 1994)

Tendo a infla��o alcan�ado o alarmante �ndice de 3.700% nos primeiros onze meses de dura��o do cruzeiro real, o governo Itamar Franco passou a adotar, a partir de mar�o de 1994, um indexador �nico da economia, designado Unidade Real de Valor (URV), para estabelecer uma propor��o entre sal�rios e pre�os, que se transformaria em nova moeda quando todos os pre�os, em tese, estivessem est�veis em termos de URV.

Essa estabilidade pressuposta ocorreu a 1� de julho de 1994, quando a URV, equivalendo a 2.700 cruzeiros reais, passou a valer 1 real, representado pelo s�mbolo R$. As c�dulas do novo padr�o, impressas tanto no pa�s quanto no estrangeiro, com matrizes fornecidas pela Casa da Moeda do Brasil, acompanhavam a tem�tica da fauna brasileira, tendo as notas de 100, 50, 10, 5 e 1 reais respectivamente as figuras da garoupa, on�a-pintada, arara, gar�a e beija-flor. Todos os valores tinham estampada a ef�gie da Rep�blica no anverso.

Grande �nfase foi dada �s moedas: surgiram na mesma data, nos valores de 1 real e de 50, 10, 5 e 1 centavos, cunhadas em a�o inoxid�vel, tendo numa das faces a ef�gie da Rep�blica. Meses depois, dada � escassez de troco, tornou-se necess�ria a cunhagem de moedas de 25 centavos, tamb�m de a�o inoxid�vel, com os mesmos elementos das demais, por�m com o desenho alterado para permitir melhor identifica��o.
(1 real, Banco Central do Brasil, estampa A, 1994, reverso)

Em 1994, procedeu-se � cunhagem de v�rias moedas comemorativas: a de prata, de 2 reais, para festejar os 300 anos de instala��o da primeira Casa da Moeda do Brasil; e as de ouro, de 20 reais, e de prata, de 4 reais, para homenagear o quarto campeonato de futebol, conquistado pela sele��o brasileira na Copa dos Estados Unidos. Em 1995, o Banco Central do Brasil, respons�vel pela emiss�o de moeda no pa�s, tamb�m celebrou a passagem dos 30 anos do in�cio de suas atividades com o lan�amento da moeda de prata de 3 reais; e o piloto Ayrton Senna foi homenageado com a cunhagem de moedas de ouro e de prata, respectivamente nos valores de 20 e de 2 reais; celebrando o cinq�enten�rio da Organiza��o das Na��es Unidas para a Alimenta��o e a Agricultura � FAO, foram cunhadas moedas de a�o inoxid�vel nos valores de 25 e 10 centavos, trazendo no anverso imagens alusivas � agricultura e reverso id�ntico �s em circula��o.

Em 1998, procurando valorizar o conceito do dinheiro met�lico entre a popula��o brasileira, o governo lan�ou nova fam�lia de moedas mais pesadas e facilmente diferenci�veis, para atender � demanda da sociedade, principalmente de idosos e deficientes visuais.

A partir de abril do ano 2000, o Branco Central colocou em circula��o uma c�dula de 10 reais, comemorativa dos 500 anos do Descobrimento do Brasil, feita de pol�mero, material pl�stico ultra-resistentes, que permite a aposi��o de elementos de seguran�a de �ltima gera��o, at� agora in�ditos no meio circulante brasileiro. A nota cont�m na face a ef�gie de Pedro �lvares Cabral, cujo nome aparece abreviado (Pedro A. Cabral), o mapa "Terra Brasilis", a legenda indicativa do valor sobre a qual foram aplicadas microimpress�es; no verso, uma estiliza��o do mapa do Brasil com quadros impressos por calcografia e off-set, nos quais aparecem fisionomias t�picas do povo brasileiro (�ndio, branco, negro e mesti�o). Um fio de seguran�a percorre anota de alto a baixo, com propriedade magn�tica para leitura por equipamento eletr�nico de sele��o e contagem. H� ainda impress�es em alto relevo, fundos especiais, filtro verificador, imagem latente e elemento vis�vel sob luz ultravioleta, que dificultam sobremaneira a contrafa��o da c�dula.

 

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